Transformações na Sociedade Feudal
Muitas
vezes as mudanças acontecem de forma que nem notamos em especial na sociedade,
e na maioria dos casos não notamos as forças destas mudanças. Foi o que
aconteceu com a sociedade feudal, que aos poucos foram surgindo pequenas
novidades na estrutura de sua economia. Mas as pessoas que viveram estas
novidades não imaginavam que estas acabariam contribuindo para as
transformações econômicas que levariam séculos para serem notadas.
O
feudalismo europeu apresenta, portanto, fases bem diversas entre o século IX,
quando os pequenos agricultores são obrigados a se proteger dos inimigos junto
aos castelos, e o século XIII, quando o mundo feudal conhece seu apogeu, para
declinar a seguir. A passagem do século X ao XI foi um momento de mudanças na
Europa Feudal. Com o fim das invasões bárbaras, o mundo medieval conheceu um
período de paz, segurança e desenvolvimento.
O
primeiro dado importante refletindo esse novo momento foi o aumento da
população. O crescimento demográfico foi ocasionado pelo fim das guerras contra
os bárbaros e pelo recuo das epidemias, gerando uma queda da mortalidade. Além
disso, ocorreu uma suavização do clima, proporcionando mais terras férteis e
colheitas abundantes.
Esse
crescimento implicou maior demanda de alimentos estimulando o aperfeiçoamento
das técnicas agrícolas para aumentar a produção. Assim, o arado de madeira foi
substituído pela charrua (arado de ferro), facilitando o trabalho de aragem;
atrelagem dos animais foi aperfeiçoada, permitindo o uso do cavalo na tração;
os animais passaram a ser ferrados; os moinhos foram melhorados; e o sistema
trienal se estendeu por toda a Europa, proporcionando melhor qualidade e maior
quantidade de produtos agrícolas. O aperfeiçoamento do artesanato de roupas e
objetos pessoais, armas e armaduras asseguravam maior conforto e capacidade
militar.
Havia
séculos que os camponeses seguiam a mesma rotina de plantação. No começo dos
trabalhos, os servos semeavam uma extensão de terra do feudo. A planta crescia
e um belo dia era colhido. E assim fazia ano a pós ano, geração após geração.
Era a tradição que era muito respeitada na Idade Média, como já viemos
discutindo. O problema era que, aos poucos, a terra ia se esgotando, perdendo
sua fertilidade. A semente plantada se tornava uma planta cada vez mais fraca e
por conseqüência produzindo sementes para o próximo plantio cada vez menores.
Até
o século IX, os camponeses dividiam a terra a ser plantada em duas partes.
Enquanto plantavam numa das partes, a outra descansava para recuperar a
fertilidade. Com esse sistema, metade das terras cultiváveis ficava sem uso.
Com o novo sistema, de três campos, plantava-se em dois campos, um, com trigo;
outro, com cevada; e o terceiro, forragens para os animais. As forragens são espécies
vegetais que têm a capacidade de recuperar a fertilidade do solo para o plantio
de cereais no ano seguinte. Com isso a área plantada e, conseqüentemente, a
produção aumentaram. Haveria a colheita de dois cereais por ano em vez de
apenas um.
O
principal cereal consumido na Europa era o trigo. Mas, para ser consumido, ele
precisa ser transformado em farinha. Isso dava muito trabalho para os
camponeses, pois era feito manualmente. O uso de moinhos movidos a água
diminuiu o esforço para se obter farinha. Lá pelo século XIII foi introduzido o
moinho movido a vento. A máquina e a energia dos ventos e da água começavam a
substituir a energia humana no trabalho. Os camponeses tiveram, assim, mais
tempo e energia para se dedicar a outras tarefas, que não as essencialmente
agrícolas.
Os
efeitos da maior produção de alimentos logo se fizeram sentir. Comendo melhor,
as pessoas passaram a viver mais. As doenças já não as pegariam com tanta
facilidade. Com o aumento da população, muitas áreas não aproveitadas para a
agricultura passaram a ser plantadas. Dessa maneira, a produção crescia, não
somente por causa das técnicas agrícolas, mas também pelo aumento da área
plantada.
Com
tudo isso, muitos feudos começaram a produzir mais que o necessário. Com estes
excedentes, era possível vender e com o dinheiro, comprar outras coisas que
vinham das regiões vizinhas.
Com
isso começam a surgir às feiras medievais, estas eram os locais onde os
comerciantes faziam seus negócios. Algumas destas feiras se tornaram tão
importantes que deram origem às cidades. Nas cidades viviam a maioria dos
artesãos e comerciantes. A cidade e o campo foram aprimorando suas atividades
econômicas. Ficando da seguinte forma: o campo aprimorando sua agricultura e
criação de animais, já as cidades se concentrando no artesanato e no comércio.
E os nobres ficaram com a parte que era a força motriz da época: consumir,
principalmente as mercadorias vendidas pelos comerciantes e artesãos.
No
entanto, esse inegável desenvolvimento técnico foi limitado, não atendendo ao
crescimento da população e, portanto, do consumo. Inicialmente novas terras
foram ocupadas e desbravadas. Além disso, ocorreu um fenômeno histórico novo
para a Idade Média, o êxodo rural, ou seja, parcelas consideráveis das
populações rurais dirigiram-se para as cidades.
É
importante notarmos que muitas das invenções tecnológicas avançadas para a
época, eram de autoria de pessoas simples do povo, servos e artesãos, a maioria
analfabeta. Do que podemos concluir que a inteligência e a criatividade não são
qualidades exclusivas de pessoas que estudaram muito ou que são ricas.
Texto
escrito pela Professora Patrícia Barboza da Silva licenciada pela Fundação
Universidade Federal do Rio Grande – FURG.
Referência Bibliográfica
FERREIRA, José Roberto Martins,
História. São Paulo: FTD; 1997.
MORAES, José Geraldo. Caminho das
Civilizações. São Paulo: Atual. 1994.
Autoria: Patrícia Barboza da Silva
Apresentação de mapas conceituais pelos alunos dos 7º ANOS C e D, sobre as transformações que ocorreram no feudalismo a partir do séc XI . Confiram as imagens abaixo:
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